sábado, 18 de agosto de 2012

Lado a Lado será a nova novela das seis


Patrícia Pillar será uma aristrocrata vilã (foto: TV Globo / Ique Esteves)
Histórias de amor surpreendentes, dramas familiares tragicômicos e diferenças de classes sociais martirizantes são temas que inspiram autores a escrever suas novelas. Mas no caso de João Ximenes Braga e Claudia Lage, estreantes que assinam “Lado a Lado”, nome provisório da próxima novela das 6 da Globo, prevista para setembro, o motivo foi bem diferente. 
“Liguei para a Claudia e perguntei: ‘Você também está ganhando mal? Então vamos ver se a gente bola algo para melhorar isso’”, conta Ximenes Braga, colaborador de Gilberto Braga e Ricardo Linhares em “Insensato Coração” (2011). E em 2008, data deste telefonema, Claudia estava bem ocupada, assistindo Manoel Carlos a escrever “Viver a Vida”, trama que iria ao ar no ano seguinte.
“Lado a Lado”, ambientada no Rio de Janeiro de 1904, contará a história de duas mulheres: Isabel (Camila Pitanga), da primeira geração após a Lei do Ventre Livre, e Laura (Marjorie Estiano), integrante de uma família que entrou em decadência depois da proclamação da República. As vidas das duas se cruzam no dia em que ambas se casam, com Zé Maria (Lázaro Ramos) e Edgard (Thiago Fragoso) respectivamente, e surge entre elas uma amizade duradoura.
O texto dos autores tem supervisão de Gilberto Braga, um dos figurões da dramaturgia da emissora. A estratégia de dar um apoio de peso aos novatos não é nova. “Cheias de Charme”, novela que tem obtido o melhor resultado na faixa das 7 dos últimos cinco anos, é de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, que foram colaboradores em “Senhora do Destino” (2004) e “Duas Caras” (2007), e tem Ricardo Linhares por trás, de “Insensato”.
O suporte grifado também funcionou na estreia da dupla Duca Rachid e Thelma Guedes, com “Cama de Gato” (2009), na faixa das 6. O texto das autoras era revisto por João Emanuel Carneiro, autor de “Avenida Brasil”. As duas depois fariam a trama de época “Cordel Encantado” (2011), aplaudida pela crítica, e que obteve picos de 30 pontos de audiência. 
Além da inserção dos negros na sociedade brasileira, “Lado a Lado” vai tratar da mudança do papel feminino na virada do século. “A personagem da Marjorie (Estiano) é uma mulher em transição, quer trabalhar. Uma agente social”, diz Claudia Lage. “Se não fosse a questão feminina, não faríamos novela das 6. O público do horário é majoritariamente feminino”, completa Ximenes Braga.
Quem vai atrapalhar a vida de Laura é Constância, a mãe, vivida por Patrícia Pillar, insatisfeita em ver a filha próxima de uma negra. 
Outro aspecto histórico na trama é a urbanização no Rio, a partir da gestão do prefeito Pereira Passos, que abriu caminho para inaugurar a Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, uma das principais vias da capital fluminense. “O pano de fundo é o surgimento das favelas. Os mais pobres são expulsos dos cortiços e vão para os morros”, conta Ximenes Braga.
A cultura do início dos anos 1900 também será resgatada, com a vinda do samba da Bahia para o Rio. Nesse contexto entra a questão do preconceito, mas sem tons fortes. “A história está no fundo, não precisa ser acentuada”, diz Ximenes Braga. “Hoje não é que somos chatos, mas somos muito politicamente corretos.”
As caracterização de época, porém, se limita a cenários e figurinos; diálogos serão informais. “Não vamos usar palavras usadas na época. Uma vez ou outra, só para dar charme”, diz o autor. As cenas serão gravadas em Petrópolis (RJ) e depois São Luís (MA), ambas cidades de casarões antigos.
E mesmo com todo cuidado, a grande dificuldade de fazer engrenar a história, segundo Claudia Lage, tem a ver com a modernidade atual. “O celular acabou com o folhetim. Em um minuto você resolve uma situação. Não dá para desenvolver trama nenhuma.”

QUEM É QUEM EM “LADO A LADO”

ISABEL (Camila Pitanga)
Com um nome que homenageia a princesa que libertou os escravos, ela será parte da primeira geração de negros nascida após a Lei do Ventre Livre, mas será descriminada.
ZÉ MARIA (Lázaro Ramos)
Casado com Isabel, enfrentará junto com a mulher o preconceito do início do século 20, em que, apesar de livres, os negros não são tratados da mesma maneira pela sociedade.
CONSTÂNCIA (Patrícia Pillar)
Conservadora, a ex-baronesa sofre com a decadência da família na transição do império para República e vai atormentar a filha, Laura, para que ela mantenha as tradições.
EDGARD (Thiago Fragoso)
Herdeiro de uma família rica e que mantém os costumes, ele terá de equilibrar os desejos da mulher, Laura, à frente de seu tempo, e as críticas da sociedade carioca.
Fonte: Bem Paraná

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